Explicação de Gên. 3,1-6

Por: Anderson Pitz, L.C.

Qual foi o verdadeiro pecado de Adão e Eva? De que a forma o demônio lhes conduz para ir contra o mandato sublime de Deus: “De todos os frutos do jardim comereis, mas do fruto do bem e do mal, no centro do jardim, não comereis, se não, morrereis!”(Gên. 1,16-17

O relato do capítulo 3 de Gênesis ilumina as nossas mentes e nos faz conhecer-nos melhor, descobrimos a dinâmica do maligno que nos seduz a separar-nos do nosso verdadeiro ser filhos de Deus

A serpente é o mais astuto dos animais dos campos que o Senhor tinha formado. A serpente é identificada com Lúcifer, conhecido como o Anjo da Luz, a criatura mais bela que Deus tinha criado. Bela no Gênesis não é fisicamente, esta é uma consequência da perfeição interna. Sem dúvida, o Anjo da Luz, era um ser muito especial, dotado de amplas qualidades, que o faz superior às demais criaturas. Essa qualidade superior foi, infelizmente, o que o levou à sua perdição: pecado de orgulho e de soberba: “não servirei” como narra o livro do Apocalipse.

Aproxima-se a serpente à Eva e pergunta-lhe: “é verdade que Deus vos proibiu comer...”. Note-se que a pergunta vai diretamente à parte negativa. Deus deu ao homem todos os frutos e proibiu só um, o da árvore do bem e do mal. A serpente enfatiza só a proibição, não os dons. Assim é o demônio, nos faz ver como negativo o que vem de Deus, nos faz ver como um mal. 

A mulher respondeu: “Podemos comer do fruto das árvores do jardim. Mas do fruto que está no meio do jardim, Deus disse: vós não comereis dele, nem o tocareis, para que não morrais”. Começa aqui o diálogo, que é certo, impossível de se evitar. Mas nós devemos evitar dialogar como diabo, a sua inteligência é muito superior à nossa e com facilidade pode nos enganar como fez com os primeiros pais. A resposta de Eva quase confirma a pergunta da serpente. Ela cita rapidamente que podem comer de todas as árvores, sem ponderar mais os dons de Deus (conf. Gên. 1,29-30) e conta a proibição.

Não narra só a proibição, Eva agrega um verbo mais: “tocar”. É um verbo de sensibilidade, o que significa que ela provava no seu coração desejo, atração pelo fruto da árvore do centro do jardim.

A resposta da serpente é imediata: “Oh não, não morrereis”. Essa afirmação vai diretamente contra as palavras de Deus, quer dizer que Deus é mentiroso. Que astuto é o demônio, ele engana com uma pergunta colocando-a em dificuldade, logo mostra como o que Deus tinha mandado no fundo era uma injustiça, uma mentira, um engano. Dá corda àquela sensação que os nossos primeiros pais tinham experimentado de provar do fruto proibido.

“Deus bem sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal”. Eis a tentação. O diabo conhece bem do estamos formados, conhece as nossas debilidades. Provoca à paixão do poder, do conhecimento superior. Mas é um engano. Ele bem sabe que é assim. Contudo, temos que parar um pouco e perguntar: mas se o demônio sabe que não é verdade, por que ele quer o nosso mal, o nosso rebaixamento? Porque o demônio odeia tuto o que Deus ama e busca destruí-lo. O demônio tem uma vontade muito mais forte que a nossa pela sua natureza angélica, de espírito puro, e quando ele fez uma decisão, a sua vontade fica presa para sempre àquela decisão. No seu pecado decidiu não submeter-se à Deus, decidiu o mal. Ele sempre buscará o mal pelo puro motivo do mal e nada mais. A palavra Satanás significa em hebraico e em aramaico “oposição”, “obstaculizar a ação”, “impedir de agir”.

Essa é a tentação proposta e que brilha nos olhos do tentado: ser como deuses, conhecer o bem e o mal. Adão e Eva participavam de certa forma da natureza de Deus, pois eram seus filhos. Conheciam o bem de forma muito superior a nós. O que quero dizer com isso, que o que a serpente propõe é uma mentira. Oferece algo que eles já tem. Apresenta o mal como um bem, eis aqui a dinâmica da tentação. Quer que o homem e mulher tampouco sirvam a Deus, não o obedeçam.

Conhecer o bem e o mal é um pecado de falta de confiança em Deus. Ele é que dita o bem e o mal, Ele foi quem escreveu na natureza a moral que diz o que está bem e o que está mal. O homem que quer conhecer a ciência do bem e do mal quer, no fundo, construir a sua própria lei sobre o que está bem e o que está mal, e não seguir o que Deus lhe diz.

Esse foi o grande pecado de Adão e Eva: não confiaram em Deus, desobedeceram. Não conhecemos a natureza do pecado, qual foi o ato concreto. A maçã é um símbolo que indica o fato que o homem fez o que Deus tinha dito que não fizera. Esse pecado influenciou profundamente no homem, degenerando a sua natureza para toda a sua descendência. 



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